Assegure a sua sobrevivência: elabore um plano de contingência para a sua cervejaria
Matthias R. Reinold
Para elaborar um plano de contingência para sua empresa, deve-se levar em consideração as principais ameaças ao seu negócio. Muitas dessas ameaças estão fora de nosso controle e as que estão dentro, devem ser contempladas.
Em um cenário mundial cada vez mais incerto, temos que nos preocupar cada vez mais com a sobrevivência e perpetuação de um negócio. O cenário tanto político, como econômico não se mostra estável, de modo que todos os possíveis cenários devem ser estudados e levados em consideração para a elaboração de um plano de contingência.
Um grande teste em escala mundial foi o advento do coronavírus, que mostrou toda a nossa fragilidade e vulnerabilidade no combate a qualquer tipo de evento de maior monta, seja ele natural ou provocado. Toda a cadeia logística de movimentação de materiais foi comprometida, e nos vimos impossibilitados até de trabalhar de modo presencial. Esse impacto foi mais sentido em empresas em que o trabalho presencial se faz necessário, como é o caso das indústrias.
O trabalho administrativo, que em algumas empresas já era remoto, teve que se adequar às novas exigências, e em muitos casos, permaneceu ou totalmente remoto, ou parcialmente. Lares tiveram que ser adaptados à nova realidade, exigindo a montagem de uma infraestrutura mínima em tempo recorde.
É importante elencar as ameaças críticas ao empreendimento, uma vez que será a base para elencar as ações que visam evitar ou ao menos mitigar os resultados negativos. O plano de contingência pode ser para um problema isolado, mas também para problemas de ordem mais complexa, considerados estratégicos.
Na cervejaria, os seguintes fatores devem ser levados em consideração para a elaboração de um plano de contingência:
– Falta de matérias-primas e insumos necessários para a produção e envase de cerveja
– Falta de energia elétrica, água ou de combustível (gás, óleo combustível etc);
– Risco de incêndios;
– Ataques virtuais ao sistema de informática;
– Acidentes de trabalho;
– Invasões e assaltos;
– Desastres naturais, como chuvas fortes, raios, granizo, inundações, etc;
– Perda de documentos importantes;
– Greves e paralisações;
– Crises econômicas, aumento de custos e impostos;
– Crises sanitárias (epidemias etc).
Um exemplo bastante frequente é a falta de determinado insumo no mercado, obrigando à área de suprimentos a encontrar um substituto com qualidade equivalente e com preço acessível. Outro problema grave pode ser a falta de água, seja em período de seca ou falha no abastecimento público. Isso pode ser contornado de várias maneiras, para que a cervejaria não dependa de fontes externas.
A falta de energia elétrica, mesmo que momentânea, pode causar grandes transtornos aos processos de produção e envase.
Desastres naturais podem destruir em pouco tempo um empreendimento que levou anos para ser construído. O local de instalação da cervejaria deve ser muito bem estudado.
A economia possui papel fundamental no desempenho de uma empresa. O poder aquisitivo de uma população e uma distribuição de renda equitativa permitem comercializar produtos com maior valor agregado. Quando a opção é por produtos de menor valor agregado, voltado para o consumo em grande escala, é necessário prever que os volumes de produção deverão ser maiores, para que se observe o ponto de equilíbrio do negócio.
E a política também está cada vez mais presente no cotidiano do empresário, determinando muitas vezes o rumo do negócio.
Como elaborar um Plano de Contingência
Pontos a serem levados em consideração ao elaborarmos um plano de contingência:
1. Definir quais os riscos (problemas) e que efeitos eles podem causar.
2. O que faremos antes da possível incidência para nos preparar?
3. Quando o risco (problema) ocorrer, o que podemos fazer para minimizar os seus efeitos?
Basicamente devemos trabalhar em duas linhas: prevenção e minimização do evento quando ele ocorrer.
Como exemplo, podemos citar um defeito na válvula de contrapressão de um tanque de fermentação/maturação. Essa falha no funcionamento pode acarretar um evento explosivo parcial ou total.
O que deve ser feito para evitar esse problema? Podemos elencar algumas ações:
1. A escolha do equipamento apropriado. Muitos aparelhos de contrapressão, que funcionam também como válvula der segurança, não possuem o desenho adequado para a função. Elas emperram, possuem sistema de regulagem precário ou não dão a vazão necessária para a saída dos gases.
2. Elaboração de um programa de manutenção preventiva, tanto para as válvulas como para os manômetros de controle
3. Testes e acompanhamento regulares de seu funcionamento reduzem a possibilidade de ocorrer esse tipo de problema.
4. A instalação de uma válvula de segurança (vácuo e pressão excessiva) adicional, na parte superiordo tanque.
Caso o problema realmente ocorra, o que podemos fazer para minimizar os impactos dessa explosão?
Aliviar a pressão imediatamente, abrindo uma válvula do tanque? Evacuar a área rapidamente? Existealgum procedimento que as pessoas precisarão conhecer (por exemplo, correr em direção às saídas de emergência previamente definidas?)
Respondendo esse tipo de perguntas, chegamos ao “que precisa ser feito”.
Para contemplar os itens relativos à prevenção e à ação de minimização/mitigação do evento, elaboramos o plano de ação, onde todas as atividades deverão ser contempladas (para que todos os recursos estejam disponíveis quando necessário).
Esses planos de ação (Prevenção e Contingência) são elaborados com base no 5W2H ou qualquer outra ferramenta de planejamento. 5W2H significa:
What: O que deve ser feito?
Why: Por que precisa ser realizado?
Who: Quem deve fazer?
Where: Onde será implementado?
When: Quando deverá ser feito?
How: Como será efetuado?
How much: Quanto custará?
Envolvimento das pessoas
Para que possamos levantar os principais riscos e definir as ações de como prevenir e corrigir, devemos envolver as pessoas diretamente ligadas ao processo. E em alguns casos, será preciso contar com a ajuda de profissionais técnicos competentes e experientes
para mapear os impactos do risco e propor ações. E uma vez definido o Plano de Contingência, devemos difundi-lo para o restante da empresa.
Testes e revisões
Não basta elaborar o Plano de Contingência e comunicar a todos na empresa, temos também que ter em mente que revisões são necessárias à medida em que a empresa (suas instalações, equipamentos e processos) evolui. Devemos prever também testes práticos simulando as situações de emergência constantes no plano. Elaborar um plano de contingência se mostrou essencial em um mundo cada vez mais complexo e imprevisível. Assim, uma empresa tem mais chances de enfrentar as diversas situações de crise interna ou externa, de modo a minimizar os prejuízos e assegurar a continuidade dos negócios.
Matthias R. Reinold
Mestre cervejeiro – Dipl. Braumeister (V.L.B – T.U. Berlin)
[email protected]
www.cervesia.com.br
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